Gostinho da Infância

Fazendo arrumação nos armários, encontrei um pacote com fotos antigas, de infância. Bem legal. Adoro topar com fotos inesperadamente.

Eu, com uns 3 ou 4 anos, no centro da foto (setinhas laranja).

(Eu sou a primeira, da esquerda para direita - blusinha listrada amarela e preto - eu devia ter cerca de 10 anos)

Junto com as fotografias vieram também algumas lembranças dos cheiros e sabores da infância.
Lembranças de guloseimas e brincadeiras que nem sei se existem mais.

É impossível esquecer das tardes devorando balas compradas no armazém da esquina. Pausa no pique esconde, polícia ladrão pra comer balas 7 Belo, bala Soft - que de macia não tinha nada, era dura e lisa; um perigo pra se engasgar.

Tinha também a bala Xaxá com uma carinha de gatinho no logo do celofane.
E a bala Gasosa... que delícia! Redondona e na boca ela parecia ferver, meio doce, meio azedinha.

E também tinha as jarras geladinhas de Ki Suco pra brincar de pic nic com biscoitinhos Mirabel!
Mini chiclete, pastelina, bala azedinha, Pepsi em garrafinhas de vidro.

Passavamos as tardes de sol correndo, andando de bicicleta - eu tinha uma Monareta da Monark, azul clarinha - e brincando de "Mulher Maravilha" e "As Panteras" - todo mundo queria ser a Jill e Kelly kkkkk.

Final de tarde e dias de chuva a brincadeira era jogar varetas, 5 Marias, bate bate, bambolê, passa anel.
Tem muito mais: pular corda, brincar de boneca de papel, carrinho de rolimã...

E cinema aos sábados!! Bom demais! Não tinha idade pra asssitir Tubarão quando deu no cinema, fiquei louca de tanta curiosidade.
Gibis que eu adorava eram os da Luluzinha, Mônica, Homem Aranha, Super Homem.

Lembro que meu super ultra tudo de bom tio avô fez uma pandorga linda para mim (pipa), mas eu fiquei com medo que o vento me levasse junto, então ele segurava e eu corria ao lado segurando um pedacinho do barbante dando muita gargalhada.
Andar de pedalinho lá na Redenção era perfeito, comendo algodão doce e jogando pipoca no laguinho. Na volta do parque, mariola, chocolate preto e branco da Neugebauer e gibis.


Na televisão, muito desenho e Clubinho Gaúcha Zero Hora. E as séries de super heróis: Incrível Hulk, Mulher Biônica, Cyborg, Ultra Man...




Não tinha essa de balada teen - até os 14 ninguém era adolescente. E nem queria ser. Msn, Twitter, Facebook, celular... Nem imaginavamos que o mundo ia mudar tanto e tão rápido.
Nem sonhavamos que tanta tecnologia seria realmente possível fora dos filmes de ficção.
Minha infância foi nos anos 70 e a adolescência nos 80. A gente, simplesmente, se divertia. Sem preocupações. A violência parecia distante.
Quando eu voava com minha bicicleta pelo meu bairro, minha única preocupação era não levar um tombo. Nem podia imaginar que um dia as crianças pudessem ser espancadas e até mortas na rua para terem suas bikes e tênis roubados.

Quando tive minha filha, estimulei-a a brincar tanto no video game como com o velho joguinho de varetas. Ensinei-a a brincar de 5 marias, massinha de modelar. Navegar na web e ler livros. Ensinei-a a andar de bicicleta (sempre comigo e meu marido por perto) e colecionar e curtir gibis...
Acho que o segredo pra viver bem hoje em dia é dar uma misturadinha no moderno com o antigo. Aquela velha história do velho e do novo andando juntos. Temperado com doses extras de cuidado.
É uma fórmula bacana, que pode dar muito certo.



" ...anos 70 não deu pra ti
mas nos 80 eu não vou me perder por aí..."
(letra de Horizontes)


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